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RECAPITULAÇÃO COMO PROJETO DE VIDA

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  A jornada do guerreiro é uma jornada de retorno, um caminho de volta para o seu reencontro, para a sua redescoberta, para as origens, por isso insisto: não há caminho sem a base da recapitulação. Voltar ao passado é o caminho trilhado para o paraíso perdido, deixado naquela já distante infância de outrora, quando o vínculo com o Espírito, com a essência, era mais forte. É como naquele fragmento de tão bela história de Guimarães Rosa (Sertão Veredas) “Então Medeiro Vaz, ao fim de forte pensar, reconheceu o dever dele: largou tudo, se desfez do que abarcava, em terras e gados, se livrou leve como que quisesse voltar a seu só nascimento.” Da mesma forma e com o mesmo espírito deve estar impelido aquele que anda nessa senda de conhecimento, buscando voltar ao “seu só nascimento”. Tudo mais é transbordante, não é da pessoa, mas aglutinou-se como crosta em seu ser, escondendo aquele verdadeiro tão dentro, que sequer consegue ser visto. Eis então que se posta o voltar ao passado. Entrar no

Uma breve história da humanidade

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Pela primeira vez temos, enquanto medido, a inteligência das gerações atuais menor que a dos seus pais. Pessoas frágeis, construídas a partir de informações de vídeos curtos de computador. Passem por suas time lines, explorem os vídeos que ali estão. Efêmera aparência, conteúdo raso, pessoas que, de tão frágeis, apontam para o futuro de dor.  Há diversos sinais que se mesclam para o futuro de nossa humanidade, bem ali, a frente, no horizonte que já pode ser visto. Votemos ao passado, as nossas origens. Quero lhes chamar para algo em torno de 16 mil anos atrás. O que ocorreu ali? Nesse período a temperatura da Terra começou a mudar, era glacial chegava ao fim, a temperatura da Terra viria a se estabilizar por volta de 12 mil anos atrás, os mares iriam diminuir, concomitantemente a um aprimoramento da comunicação escrita, que havia começado, de forma rudimentar, a aparecer há cerca de 100 mil anos atrás. Um grande salto se deu, no entanto, quando a temperatura da Terra se estabilizou, es

MORTE E RENASCIMENTO

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Era dezembro de 2008, eu estava no Acre, no meio da floresta, já imerso nos efeitos da mestra ayahuasca. Eu via as pessoas ali, cantando, rodando, testemunhando aquele mundo mágico que eu também experimentava. Contudo, tudo isso representava apenas uma fina barreira que tínhamos ultrapassado.   Pedi à mestra que me mostrasse mais, eu queria ir além, ultrapassar as fronteiras do homem e talvez até mais. Assim, iniciei uma jornada intensa. Sentia o que todos sentiam ali, tornava-me parte do todo, de cada indivíduo, e percebia o mundo de maneiras diversas. Minha filha era pequena e dormia com minha esposa em algum lugar próximo. Minha esposa estava chateada, não gostava, assim como não gostava de nada espiritual. Então, percebi o mundo sob a ótica dela. Era caótico, sentia o medo e via tudo sem sentido, como ela via. Entendi sua razão e o motivo de não apreciar o mundo espiritual, sob a perspectiva dela; nada ali fazia sentido.   Eram pontos de vista, cada um com seu punhado, e somados fo

OS DESEJOS PARA O GUERREIRO

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  "Resolver o conflito das duas mentes é uma questão de intentá-lo", disse ele. "Os feiticeiros evocam o intento pronunciando a palavra 'intentar' em voz alta e clara. O intento é uma força que existe no universo. Quando os feiticeiros a evocam, ela vem até eles e traça o caminho para a obtenção do que desejam, o que significa que os feiticeiros sempre conseguem realizar o que se propõem."   "Você quer dizer, Don Juan, que os feiticeiros conseguem tudo o que quiserem, mesmo as coisas mesquinhas e arbitrárias?" perguntei.   "Não, não quis dizer isso. O intento pode ser chamado, é claro, para qualquer coisa", replicou ele, "mas os feiticeiros descobriram, com grande esforço, que o intento só vem até eles para  realizar algo que seja abstrato . Essa é a válvula de segurança para os feiticeiros; não fosse assim, eles seriam insuportáveis. No seu caso, evocar o intento para resolver o conflito de suas duas mentes, ou para ouvir a voz de s

O fluxo livre de viver deixando que todos vivam

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Esses dias comentei aqui, brevemente, de acordo com a energia que tinha disponível, sobre os sinais de consonância e dissonância do universo, sobre como podemos saber se estamos harmônicos, em nossa caminhada, com a organização tida pela acomodação de todas as energias contemporâneas a nós mesmos.   Agora vamos falar de energia pessoal.   A energia pessoal é a quantidade de energia que temos livre, e por livre podemos definir como aquela energia não empregada na sobrevivência cotidiana. Gastos enormes de energia são utilizadas para as maiores futilidades possíveis, desde a manutenção da autoimagem para a realização de papéis sociais até o simples ato de ganhar dinheiro para sobreviver. A medida que a pessoa consegue a economia de energia, por meio do seu uso aprimorado, ela detém mais energia livre, e mais energia livre permite maior consciência de tudo. Sim, a consciência demanda energia, logo, para saber se nossa caminhada é consonante ou dissonante com o universo, precisamos de ener

Reflexões sobre o livre arbítrio

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Há, nesta nossa breve passagem, vivendo nesta mesma jornada, incontáveis seres. Apenas para efeito argumentativo peço que foquemos naqueles, e apenas naqueles que compartilham a existência e que, concretamente, temos ciência da existência. Daqueles que detém o mesmo molde, os humanos, somos mais de 7,9 bilhões. De outros animais, só em relação a espécie são cerca de 8,7 milhões, dentro de cada uma delas milhões. Representamos, seres cientes, apenas 0,01% da vida na Terra, quase nada, mas ocupamos e transitamos em todos os cantos. Quero dizer que, de alguma forma, e por algum motivo, nossa linha, como indivíduo, é contemporânea com a de incontáveis outros seres, que cruzam conosco, de alguma forma, nesta pequena jornada. Desde os fungos que compartilham a nossa pele, os vírus que bagunçam o nosso corpo, as bactérias que convivem em nosso ecossistema chamado corpo e aqueles que, externamente, nos servem de alimento, de companhia, de vida apreciada, rejeitada, temida, negada, etc. Há anda

Eu e a gata

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  “O primeiro homem que, havendo cercado um pedaço de terra, disse “isso é meu”, e encontrou pessoas tolas o suficiente para acreditarem nas suas palavras, este homem foi o verdadeiro fundador da sociedade civil. Quantos crimes, guerras e assassínios, de quantos horrores e misérias não teria poupado ao gênero humano aquele que, arrancando os marcos, ou tapando os buracos, tivesse gritado aos seus semelhantes: Livrem-se de escutar esse impostor; pois estarão perdidos se esquecerem que os frutos são de todos, e a terra de ninguém!” (Jean Jacques Rousseau) Olho, sentado, para o campo aberto, um horizonte que se abre a meus sentidos. Ao meu lado, a gata observa a mesma cena. Como Descartes, penso que penso, sinto que existo: única premissa verdadeira, será? Mas e o gato ao meu lado, se pensa, de alguma forma, existe, mas de certo não pensa como eu.  Mistura-se ao que miro, no horizonte, pensamentos, alguns brotam de forma racional - neles conjecturo sobre os prédios, céu, nuvens, e